E ninguém deita
vinho novo em odres velhos; de outra sorte o vinho novo romperá os odres, e
entornar-se-á o vinho, e os odres se estragarão; Mas o vinho novo deve
deitar-se em odres novos, e ambos juntamente se conservarão. E ninguém tendo
bebido o velho quer logo o novo, porque diz: Melhor é o velho.
Lucas 5.37-39
Sobre o texto
O texto que estamos trabalhando
nesse tempo é um texto dos mais belos e dos mais intrigantes proferidos por
Jesus. Jesus, por mais uma vez ao ser interpelado quanto um assunto responde de
modo atraente e profundo; mesmo que a resposta pareça complexa, a simplicidade
de Jesus está exposta de modo natural e incomum. No texto que estamos
comentando apresenta um questionamento feito por Fariseus e por uns discípulos
de João Batista quanto ao Jejum, no qual Jesus responde com uma dupla parábola.
O contexto geral deste capítulo 5 do livro de Lucas trata especialmente do
chamamento dos discípulos e estende o tópico até o capítulo 6.16, sendo que o
maior questionamento no contexto não é sobre jejuar ou não jejuar, mas na
maneira que Jesus havia escolhido seus discípulos, ou até seus primeiros
discípulos já que a lista final vem após um retiro de oração em Lucas 6.12 –
16.
O texto, tratando basicamente destes
versículos, apresenta para nós o conteúdo da segunda parábola na qual Jesus diz
que não se deve por remendo de
pano novo em roupas velhas e nem se coloca vinho novo em odres velhos, porque a
roupa velha se rasgará tornando maior a rotura e o odre velho se rompe e se
derrama o vinho. A
primeira parte desta parábola Jesus aplica como o noivo e seus convidados,
falando diretamente sobre o jejum. Nos versículos em questão, o que muitos
interpretam é que Jesus estava dizendo que o judaísmo era o pano e vinho velho
e que o cristianismo era o pano e vinho novo. De fato o que se fala está
relacionado a uma novidade, mas não aplicada à religiosidade, mas ao propósito
de Jesus em escolher seus discípulos. O vinho novo não poderia ser
colocado em odres velhos por um motivo simples; o odre que era feito de couro
quando recebia o vinho novo, sendo ele novo também, dilatada por conta da
fermentação do vinho novo e expande – se ao máximo, se colocado nele vinho novo
outra vez ele se rompe por não suportar a expansão produzida pela fermentação
do vinho novo. Portanto em odres velhos ou já usados se colocava vinho velho
que não fermentaria e ambos seriam conservados. Frequentemente na Bíblia há a
referência do vinho novo como mosto,
que é o suco da uva não fermentado. Portanto no contexto dessas parábolas,
Jesus não está enfatizando quanto à religião judaica e o cristianismo (até
porque o Cristianismo só surge de fato após a morte de Jesus e sua ressurreição
através da Grande Comissão de Mateus 28.19), mas está dizendo que seus
discípulos deveriam ser pessoas com a capacidade de receber o Novo que estava por vir.
Aplicação
Há uma aplicabilidade forte deste
contexto para nossa vida e podemos ver que ela é muito aparente tanto
biblicamente como na nossa vida cotidiana. Se observarmos a história de Israel
veremos que suas vidas, apesar de ansiarem por ver o Deus de seus pais, o Deus
de Israel agir em seu favor, eles não estavam prontos para receber o novo que
seria trazido a seus corações e mente. Ao observar Êxodo 14.12 podemos ver que Israel desejava
viver um tempo novo de restauração, mas seu coração e sua mente estavam ainda
presos no passado. Outro exemplo vindo ainda de Israel é Êxodo 32.1, onde a questão
aparente não está relacionada a servir aos deuses do Egito, até por não haver
tal tipo de relato em que Israel os tenha servido, mas em não estar dispostos a
servir ao Senhor do modo prescrito por Ele. Outro exemplo consta em Números 11.5 – 6 onde os desejos de Israel estavam
voltados ao que comiam e bebiam de graça no Egito, passando até a desprezar o
que Deus havia feito para sustentá-los e que nunca falhava: o maná.
Pense que quando enclausuramos
nossa mente e coração impedindo que Deus se revele e nos traga o seu vinho
novo, desejamos viver preso
no passado, servindo
como no passado e se alimentando do passado.
Vivemos em alianças mal feitas e por isso não podemos assim como o vinho novo
expandir e nos tornar melhores, porque nossos odres acabam se rompendo, é por
isso que Jesus diz que quem vive a beber do vinho velho, não deseja o novo e
diz que o velho é melhor (Lucas
5.39).
Deus tem um vinho novo para você
neste tempo. Portanto é tempo de uma nova unção para sua vida, um tempo de
crescimento e de renovação da sua mente e de seu coração, para isso é necessário que:
Ø Viver
como discípulo de Jesus
No texto paralelo de Mateus 9.17 Jesus afirma que “Ambos se conservam”.
Só haverá vinho novo de Jesus quando desejarmos ser discípulos que guardam e
vivem seus ensinamentos Ele estará em nós e nós estaremos nele, sendo
conservados (João 15.10). Não
podemos viver presos ao passado
Ø Anular
o Velho Homem
No texto paralelo de Marcos 2.22a Jesus diz que “tanto se perde o
vinho como os odres.” Só pode
haver um vinho novo quando não há desperdício. Quando Jesus Nos traz algo de sua
parte não é para que desperdicemos com os conceitos e práticas do passado,
vivendo uma vida como quando criamos que éramos ‘donos do nosso nariz’,
servindo ao velho homem com o que nos convém, mas entendendo que fomos chamados
a ser novas criaturas (Romanos
6.6). Não podemos servir
ao Senhor como no passado.
Ø Ansiar
por mais
No texto de Lucas 5.39 NVI diz que ninguém que “experimenta o
velho prefere o novo por que diz que o velho é melhor.” Só desejamos o que nos
alimentava e nutria no passado por que não precisamos nos preocupar em
desfrutar e experimentar coisas novas, desta forma alimentando sempre a carne e
seus desejos por já havermos nos acostumado com aquele “tempero.” Devemos
desejar mais para que não desejemos apenas o que já conhecemos. Só haverá um
vinho novo, fresco, constante e abundante quando nosso desejo for se alimentar
deste novo de Deus, quando ansiarmos por mais (João
4.34). Não devemos nos alimentar do Passado.
Conclusão
Deus tem um vinho novo para os que do passado não querem viver
presos, nem servir ou se alimentar dele. Há um Vinho Novo (que é o próprio Jesus) a ser posto em Odres Novos (que somos Nós) que vivemos como discípulos,
anulando o velho homem e ansiando por mais de Deus.
Pr. Rodrigo de Almeida
Shalom!
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